quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Senhoras e senhores, desculpem o sumiço, mas ando muito atarefada.
Venho agora contar-lhes a vida de uma personagem real, que me encanta. Ela é aluna de uma escola da periferia de Guarulhos, mora em uma casa simples, terreno invadido, com a mãe e a irmã pequena. Vamos chamá-la de T. T. me encanta porque tem comentários incríveis sobre assuntos que nem sabe que sabe. Quando crescer, quero ser como ela.
T. me disse um dia que não se considera negra, embora eu veja uma pessoa negra quando olho pra ela. Mas eis que certo dia ela me disse: ... pelo amor de Deus. E eu respondi: Que Deus? T. então me perguntou: Você não acredita em Deus professora? E eu disse: Não da maneira que a maioria das pessoas acredita. T. olhou pra mim com uma cara de quem me pegou e perguntou: Você vaina macumba professora? Porque eu vou!! Podemos marcar um dia para irmos juntas! E eu fiquei de queixo caído. É claro que não são só negros que frequentam os terreiros nesse país, mas é incrível como ela está ligada a suas raízes de maneira tão entregue.
Certa feita, estava eu com meus cabelos crespos pouco tradicionais presos de maneira discreta. T. que tem os cabelos alisados me pede: Professora, solta o cabelo! Eu queria usar ele assim, mas não tenho coragem. A morena T. sabe de sua cor, um dia ela chega lá. E eu vou ter me orgulhado de ajudar.
Pra finalizar: estava eu na casa de T. quando sua mãe a proíbe de sair com um shorts muito curto, porque os homens ficariam olhando seu corpo. E T., para minha surpresa, responde: E daí! Eu vou sair com o shorts porque eu quero, e daí que vão olhar. Vou deixar de sair por causa disso agora? T. é uma feminista como poucas. Um dia serei como ela. Um dia.

sábado, 15 de novembro de 2008

Mail a Sr. Barbara Gancia

Segue na íntegra o email enviado por mim a colunista da Folha de S. Paulo:
"Barbara, meu nome é Donina Cibelle de Lemos Rocha, sou professora em uma escola da periferia de Guarulhos (onde moro) e estou profundamente agredida sobre o texto publicado com sua assinatura no dia 14 de novembro pela Folha de São Paulo. Não pensei que alguém que tem a responsabilidade de escrever no maior jornal impresso do país fosse ter a coragem de escrever um texto sobre algo que não conhece.
Embora a escola Amadeu Amaral tivesse um histórico de violência, achar que a solução é fechar todas as escolas públicas me parece um tanto generalista e pessimista de sua parte. A escola pública tem solução sim. Professores preparados e com vontade de lecionar fazem toda a diferença. Percebo no meu dia-a-dia quando um aluno me olha sabendo que preparei aquela aula, sabendo que sou preparada pra falar sobre o que falo, sabendo que pode contar comigo. Não é nada melodramático, do tipo "Ao mestre com carinho", a escola tem problemas, existem alunos difíceis, mas a relação muda quando o aluno se sente respeitado e olhado como ser humano.
Eles sabem muito bem distinguir bons e maus professores. E eles respeitam muito os bons professores. Eles conhecem quando a direção da escola é forte, ou quando não tem poder de autoridade, além de odiarem a confusão tão comumente perceptivel entre autoridade e autoritarismo.
Além disso, não estamos falando de marginais e ainda que estivessêmos, esses também merecem respeito. E a sua atitude parece ignorar que, apesar das reclamações, o foco da escola é o aluno, toda a máquina burocrática não foi feita para dar emprego ao professor, mas para dar formação ao aluno. A escola não é uma baderna, mas o abrigo de jovens que, no máximo, tem energia demais sendo mal utilizada.

Saudações"
Penso que o professorado deve se unir para acaber com a depredação da nossa imagem pela imprensa. Depois dessa, porque será que a procura por cursos de formação de professores caiu tanto?
Abraços

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Universo Feminista

Olá senhoras e senhores,
Adoraria estar escrevendo sobre o Obama e pra falar a verdade tenho uma porção de coisas pra falar sobre ele. Mas hoje na Folha li um texto que me chamou a atenção. A coluna de Luiz Felipe Pondé, no caderno Ilustrada, intitulado FOBIA. O autor começa falando de homens que tem medo de relacionamentos por conta das conquistas feministas dos últimos tempos. E termina falando que machistas e feministas radicais deveriam se dar as mãos, porque ambos seriam "impotentes no amor". Achei horrível. Mas achei verdade.
Nós ( e me incluo nesse quesito) nos tornamos feministas porque vivemos num mundo cheio de homens que não sabem amar. Será que isso significa que somos mal-amadas? Talvez. Seria o feminismo moderno uma forma de autoproteção? Talvez. Deixar que digam que sou submissa? Isso nunca!! Melhor dizerem que sou mal-amada!!!!
Pondé termina dizendo que "as mulheres não suportam os novos homens inseguros." Concordo. Não há nada mais brochante que um homem inseguro. Queremos(nós, as feministas) ser fortes com homens igualmente fortes, sem que isso se transforme numa queda-de-braço.
O feminismo veio pra acabar com uma série de abusos, mas deixou homens e mulheres profundamente sozinhos. Numa luta sem vencedores...

PS: Sou feminista independente, não participo de comícios, passeatas, etc.

domingo, 9 de novembro de 2008

Mundo Virtual

Pois é, agora resolvi parar de expor minhas idéias em mesa de bar ou nas cadeiras do metrô: entrei no mundo a ser desvendado dos bloggs e afins... Pra falar a verdade ainda não conheço esse mundo mas acho interessante poder postar idéias... afinal vivemos na era da descentralização das comunicações: chega de publicações monopolizadoras do pensamento humano!!! Pretendo postar aqui considerações mil sobre a vida, a acadêmia, a escola, o amor. Eu to me sentindo como o BenJor:
Alô, alô Recreio: Eu também quero morar de frente pro mar!!!!
Alô, alô Blogueiros... Eu também quero blogar!!!
Salve Simpatia!!!!
Té breve...